quarta-feira, 10 de março de 2010

Justificativa

Vivemos num período onde a informação é considerada vital para a vida e o fortaleci-mento da sociedade democrática. Entretanto, o mundo passa por um período de acelera-das evoluções tecnológicas, que modificaram a forma de se produzir e se consumir in-formação e cultura, o que, por sua vez, levou o jornalismo a uma crise institucional. Esta crise põe em cheque o esgotamento dos formatos tradicionais da comunicação de massa, insuficientes para acompanharem o que acontece no mundo a nossa volta. Há a ainda que se considerar o papel da recente crise econômica, que refletiu duramente no âmbito da comunicação, influenciando o financiamento publicitário e os índices de circulação dos grandes veículos.
Tendo em vista tal conjuntura, este projeto foi desenvolvido para preencher e apontar saídas para tais problemas e crises que se apresentam, utilizando para tanto uma aborda-gem diferenciada e profunda da informação, mesclando formatos clássicos e novos mo-delos de hipertexto com o intuito de, desta forma, dar voz a grupos e setores periféricos utilizando estéticas autorais de narrativas jornalísticas.
Identificada a conjuntura e o problema inserido nela, acreditamos apontar uma alternati-va viável e construtiva para este cenário de crises. O grande desafio que se apresenta é nivelar as preocupações econômicas de manutenção e avanço dos veículos de comuni-cação, com prioridades sociais e culturais que reflitam realmente a qualidade e a pro-fundidade do trabalho jornalístico e cultural.

Algumas circunstâncias favorecem a realização do projeto, pois a crescente demanda por informação também significa uma crescente demanda por variadas formas de se apresentar esta informação. É por isso que, inseridos num período de transição da forma de se produzir e consumir informação e cultura, acreditamos que um veículo de comu-nicação que aposte numa forma diferenciada de informar, que tenha como sebe a busca por temas, assuntos e fontes periféricos, apresenta-se como uma solução construtiva e inovadora a estes desafios. Além de apresentar uma preocupação e inovação nos forma-tos e estéticas de democratizar a informação, este projeto possui uma preocupação social em transportar assuntos, temáticas e fontes periféricas, anônimas e não oficiais em protagonistas, dar voz a estes grupos, setores e indivíduos que raramente sequer figuram nos veículos de massa. Somado a isso, acreditamos que a internet é um enorme manan-cial de possibilidades ainda sub-aproveitadas sob a ótica da comunicação, é um ambiente em que é possível incentivar a leitura, propagar a cultura, repensar de maneira construtiva os conceitos do jornalismo a partir de novas perspectivas de democratização da informação.

Os benefícios que este projeto traz à população quantos aos aspectos culturais, sociais e econômicos são facilmente perceptíveis a partir do momento que se analisa a proposta calcada num veículo de comunicação na internet, permitindo acesso irrestrito do público a todo o conteúdo da revista sem custo algum. Além disso, o projeto possui preocupação em incentivar a cultura, mediante a divulgação e promoção de novos nomes nas diversas manifestações artísticas, não apenas por ser eles, também, fontes prioritárias de informação e protagonistas de reportagens, mas pela estratégia em se criar um banco de dados específico para a publicizar e incentivar estes talentos. Além do mais, temos em nosso planejamento a abertura para que novos talentos do jornalismo escrevam reporta-gens e perfis, repórteres que estão dando seus primeiros passos na profissão e terão a oportunidade de publicar seus textos no site, textos diferenciados e autorias, e serem remunerados por isso. Dessa forma, incentivamos e damos espaço para que novos nomes do jornalismo surjam, ganhem visibilidade e consigam alguma renda (a princípio, daremos prioridade a recém-formados).

Sendo assim, temos em vista a cobertura jornalística de assuntos, grupos e partes consi-deradas periféricas da nossa sociedade, as mesmas excluídas das rotinas diárias dos grandes grupos de comunicação. É, desta forma, prioridade deste projeto dar a estes grupos respaldo e direito à voz.

Numa fusão dos aspectos econômicos e culturais, podemos apontar a divulgação do sistema creative commons, onde a produção dos artistas (músicos, fotógrafos, cineastas, desenvolvedores de jogos, escritores, pintores, desenhistas, jornalistas etc.) torna-se disponível ao público sem infringir qualquer lei quanto à circulação de produção inte-lectual e autoral. Da mesma forma, o próprio produto deste projeto, o site “Do B” estará completamente livre para ser lido e copiado nos moldes do creative commons. Apostan-do nisso, incentivamos a cultura e damos margem à popularização de um sistema que tem afinidades intrínsecas com a realidade do que vemos hoje no que concerne o con-sumo de bens culturais e a internet.

O grande diferencial deste projeto é, justamente, ser uma revista eletrônica de jornalismo narrativo (ou literário), com intenção de promover a idéia do creative commons – ambas características que fazem dela inédita e pioneira. Acreditamos, por isso, que este projeto oferece a possibilidade de suprir uma falta no espectro de toda a nossa mídia: não há por aqui um site, ou veículo de qualquer natureza, que se proponha a promover apenas novos produtos culturais de maneira integrada e indissociável quanto ao sistema creative commons.

Desta forma, o grande mérito deste projeto é incentivar a democratização da informação e da cultura praticando-a, exercitando-a; e faremos isso através da disponibilização de todo o material do site em creative commons, incluindo banco de dados, reportagens, artigos, fotos etc. Utilizando, dessa forma, a flexibilização dos direitos autorais como método de construção e consumo de cultura e informação, aglutinamos o pioneirismo dos textos com preocupações estéticas e as novas formas de narrativas do real em hiper-terxto e multimídia, ao ineditismo de publicizá-los e incentivar seu consumo através de formas colaborativas já vistas em outros lugares do mundo, mas ainda não concretizadas no Brasil.

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